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Abordagem de questões/temáticas que se colocam frequentemente aos assessores de imprensa.

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segunda-feira, 27 de abril de 2015

Hillary 2016 em 138 segundos

A comunicação política não tem idade.

Tem regras, depende do gosto, varia o seu efeito em função do segmento que pretende atingir.

E sim: faixas etárias diferentes reagem de forma diversa à mesma mensagem.

Mas a capacidade de as transmitir não tem prazo de validade: Hillary Clinton que o diga.

Super favorita à nomeação presidencial democrata (tem 50 pontos de avanço nas primárias do seu partido), a ex-secretária de Estado norte-americana é, a ano e meio das eleições que vão definir o sucessor de Barack Obama na Casa Branca, a pessoa mais bem colocada para vencer a eleição.

Mesmo nos possíveis duelos com os eventuais candidatos republicanos, as sondagens dão vantagem considerável (sempre com dois dígitos) a Hillary, seja o nome do possível opositor Jeb Bush, Scott Walker, Marco Rubio ou qualquer outro dos vários pretendentes. Com 69 anos à data da eleição (vai completá-los em outubro de 2016), Hillary Clinton teria na idade avançada (77 no final dos dois mandatos que pretenderá liderar na Casa Branca) o seu maior problema.

Ora, a forma como escolheu marcar o arranque da sua segunda candidatura presidencial praticamente resolveu essa questão.

O vídeo «Getting started», com apenas dois minutos e 18 segundos, juntou quase tudo o que a candidata pretende desenvolver, nos próximos 19 meses.



Nesses 138 segundos, estão lá os focos da agenda política e social de Hillary Clinton:
  • dar força e condições à «working middle class america»;
  • as minorias étnicas (negros, hispânicos, asiáticos);
  • as minorias sexuais (casal gay de dois homens; casal gay de duas mulheres);
  • as mulheres jovens, que pretendam juntar carreira e família;
  • até uma recém-reformada com vontade de continuar ativa.
A dar consistência a tudo isto, uma ideia geral de otimismo e «cal to action» (mobilização para a ação), muito americana e que se insere numa espécie de «fase II» da versão democrata de recuperação pós-crise. Tudo num ambiente de «mudança para melhor», também ele muito americano.

Hillary quis, no vídeo, lembrar que os piores anos já passaram, mas deu como ideia forte: «Há muito ainda a fazer. E está na altura de dar às pessoas as vantagens da recuperação».

Ela quer, por isso, ser a «campeã que os americanos precisam», porque «o sistema ainda está construído para favorecer quem está no topo».

Entre a confirmação do «core» democrata que foi apoiando Barack Obama (minorias étnicas, sexuais, classe média trabalhadora, mulheres e jovens), há aqui uma «nuance» importante: ela deixa a entender que o Presidente Obama não foi suficientemente longe no ataque ao «business as usual» e aos «alçapões de Wall Street».

Sendo Hillary, há décadas, uma pessoa «do sistema» (Primeira Dama com agenda própria durante oito anos; senadora nos oito seguintes; quase nomeada presidencial democrata em 2008; secretária de Estado no primeiro mandato de Obama), ela poderia ter dificuldades em assumir-se como a candidata que vai conseguir mudar esse «status quo».


E este vídeo ajuda a posicioná-la onde quer: nesses 138 segundos, a candidata só aparece perto do centésimo e depois de ouvirmos e vermos as histórias de «real people» que ela pretende apoiar e «patrocinar», uma vez na Casa Branca.

Em entrevista que me concedeu para o site TVI24, Bill Schneider, comentador político da CNN, observou: «Não foi um anúncio em grande estilo, com grande aparato, tipo «shock and awe». Foi pessoal e «friendly». E não foi, de modo algum, sobre a candidata. Ela já é suficientemente conhecida. A intenção do video foi mostrar a sensibilidade de Hillary. A sua ligação ao mundo real.
Um anúncio assim poderia não resultar com candidatos menos conhecidos.»

Correu tudo bem no lançamento de Hillary16’?
Não. Contrastando com o excelente «Getting started», o «logo» da campanha não está à altura do vídeo: tem linhas antiquadas, uma ideia demasiado simples (aproveita o H de Hillary e faz uma seta a apontar para a frente, com um jogo de cores azul e vermelho, «obrigatório» na América dominada pela dicotomia blue/red).

Em janeiro de 2007, quando anunciou a sua primeira tentativa presidencial, Hillary também o fez por um vídeo, para confirmar: «I’m in… and I’m in to win!»
 


Quase tudo diferente, há oito anos e quatro meses: estilo clássico de comunicar, mera mensagem da candidata, em ambiente a misturar carga institucional com noção familiar.

Hillary16’ arrancou com muito mais força e modo mais inovador e mobilizador.
A candidata, mesmo perto dos 70, está hoje muito mais tecnológica.

Em versão «3.0», pondo para trás os fantasmas do passado e cheia de vontade de agarrar o futuro.
 
 
Germano Almeida

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

PRÉMIO NACIONAL INDÚSTRIAS CRIATIVAS

O Prémio Nacional Indústrias Criativas Super Bock/Serralves é uma iniciativa pioneira em Portugal, promovida pela Unicer, através da marca Super Bock, e a Fundação de Serralves.


A organização acredita nos inconformistas, nos que não se resignam e que por isso mesmo têm um espírito criativo e empreendedor. Desde cedo reconheceram a importância do setor e foram os primeiros a promover uma competição exclusivamente dedicada às Indústrias Criativas.

São parceiros da UNICER a ADDICT, Agência Nacional de Inovação, ANJE, BPI, ESAD, Fundação da Juventude, IAPMEI, Brand New Box, Universidade do Porto, Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa Porto.

Em 2014 foi iniciada uma parceria do Prémio Nacional Indústrias Criativas (PNIC) com o programa The Next Big Idea (TNBI), que organizou o Roadshow PNIC/TNBI, destinado à divulgação do Prémio junto da comunidade universitária e dos fóruns das Indústrias Criativas.


Esta parceria mantém-se em 2015, com o Roadshow a passar, em datas devidamente publicitadas, por vários locais. Graças a esta iniciativa, permitem aos candidatos (os que efetuam a sua inscrição online na competição através do "Formulário de Candidatura PNIC/TNBI") gravarem um pequeno vídeo de apresentação da sua ideia.

No seguimento dessa parceria, o Prémio Nacional Indústrias Criativas e os seus finalistas merecem destaque no programa The Next Big Idea, do canal televisivo SIC Notícias.

Mantém-se, no entanto, o formato tradicional de candidaturas ao Prémio (não implicando, pois, a participação no Roadshow PNIC/TNBI).

Em ambos os modos de inscrição, e como sempre, todas as candidaturas são submetidas através do site: 
http://www.industriascriativas.com

Helder Gonçalves



quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Só metade do Brasil vai ganhar

O Brasil é o tal país que, na definição genial de Millor Fernandes, «tem um longo passado pela frente». Ou, como sintetizou também com especial precisão o escritor Stefan Zweig, «é um país de futuro… e sempre será».

Deus pode até nem ser brasileiro, mas mesmo quando o Brasil parece caminhar para o abismo, percebemos que, simplesmente, não cabe lá, de tão grande que é.

Terra fantástica com situações miseráveis, paraíso de contrastes, já prometeu ser a grande história de sucesso dos «emergentes», mas os últimos anos podem tê-la condenado ao fantasma do fracasso.

Fica difícil avaliar, neste momento, se prevalece a carga positiva ou negativa de um país com um potencial humano e natural gigantesco, mas com contradições que resistem a ciclos económicos.

Crescimento espetacular, travagem assustadora

O modelo de crescimento do Brasil produziu resultados espetaculares nas últimas duas décadas.

No início dos anos 90, o Brasil era essencialmente um país pobre, subdesenvolvido, estigmatizado pela inflação e pela desvalorização da moeda. Muito marcado pelas diferenças sociais e pela violência.

Nessa altura, quando pensávamos no Brasil, tínhamos sentimentos negativos: aquilo não ia correr bem.

Durante a presidência de Fernando Henrique Cardoso, tudo mudou: a introdução do real foi o golpe de asa financeiro que lançou as bases para o crescimento económico que se iniciaria pouco depois.

Com Fernando Henrique, o Brasil teve dois momentos cruciais: salvou-se economicamente e começou o caminho da distribuição social.

Seria Lula, seu sucessor na presidência, a acelerar, de modo impressionante, o lado social: muitos milhões de brasileiros saíram da pobreza e passaram a fazer parte de uma nova classe média. E isso é um crédito político tremendo do antecessor de Dilma.

Os programas «Bolsa Família» e «Fome Zero» passaram a ser bandeiras de políticas sociais, citados como exemplos a seguir um pouco por todo o Mundo.

De tal modo que, nesta dura e divisiva campanha presidencial, os únicos consensos foram mesmo os legados sociais de Lula (só possíveis por aquilo que a presidência de Fernando Henrique encetou): Dilma, Aécio e Marina juraram preservá-los.

Ainda hoje, Lula é uma espécie de ás de trunfo da política brasileira.

Saiu do Palácio do Planalto com índices de aprovação entre 70 a 80%, um luxo de que mais ninguém (mais ninguém mesmo) se pode gabar no mundo contemporâneo. Governar em democracia, na era do escrutínio em tempo real, é cada vez mais difícil e a popularidade de Lula, nesse aspeto, é um fenómeno simplesmente notável.

Acontece que a história de crescimento económico espetacular, com consequências positivas na distribuição social, durou duas décadas. Isso mesmo, «durou», porque já é passado.

Teve o «combustível» de taxas de crescimento anuais de 6 a 8%, à boleia de um ciclo de preços altos das matérias-primas nos mercados internacionais. Estudo do PNUD, divulgado no verão de 2013, confirmou esse crescimento impressionante: em 1991, o Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil tinha a nota «muito baixo». Duas décadas depois, merece um «Alto»: um crescimento de 47,5% da qualidade de vida dos brasileiros nos últimos 20 anos.

Só que falta encontrar o equilíbrio social. As manifestações do verão de 2013 puseram a nu esse problema: o crescimento económico, mesmo com os programas sociais, não resolveu as diferenças sociais.

A corrupção (que, no Brasil, é clara em todos os níveis de poder, desde o local ao federal, com forte relevância no plano estadual) agrava essa sensação de desperdício e de injustiça social.

Novo paradigma, ganhe quem ganhar

Os 12 anos de poder do PT (oito de Lula, quatro de Dilma) basearam-se num contrato: o enriquecimento do Brasil pela via da exportação teria retorno na preservação dos programas sociais.

Apesar do desgaste de vários casos de corrupção a atingirem figuras muito próximas de Lula e Dilma, a verdade é que esse contrato foi-se aguentando. E isso nota-se nesta eleição: os 41% de Dilma no primeiro turno, sendo abaixo do que se esperava, basearam-se, em grande parte, na massa de eleitores dependentes desse grande «contrato social» alimentado pelo PT.

Sucede que esse contrato está a acabar: mesmo que Dilma seja reeleita.

O Brasil está com crescimento anémico. Os 8% já lá vão e foram reduzido a um décimo disso. Ora, se um crescimento de 0.8%, hoje em dia, é quase festejado numa Europa habituada à estagnação, no Brasil é socialmente insustentável.

Não chega para alimentar os programas sociais, não dá para manter a rota desenhada para crescer indefinidamente.

Para manter o atual modelo económico, o Brasil precisava de crescer, no mínimo a 4%. Como isso, tão cedo, não voltará a acontecer (sobretudo com os preços das matérias-primas a baixar nos mercados internacionais), temos que concluir que a era do poder do PT terminou – mesmo que Dilma vença Aécio no segundo turno.

Para Aécio será mais fácil, caso vença: o discurso de «mudança» pega melhor num momento como este. Dilma terá, certamente, mais dificuldades em moldar o seu discurso e a sua prática de governação, caso garanta um segundo mandato.

Dilma no Norte, Aécio no Sul

Há dois «Brasis» expressos nas urnas e o primeiro turno foi eloquente a prová-lo.

O Norte e o Nordeste, muito mais pobres que a média nacional e dependentes dos programas sociais, estão gratos a Lula e Dilma e permanecerão fiéis ao PT.

As pesquisas dão quase 70% a Dilma nessas regiões para a segunda volta.

O Sul, o Centro-Oeste e os grandes centros urbanos, mais ricos e menos dependentes dos subsídios, votam Aécio, esperando menos peso do Estado na economia e mais segurança urbana.

São Paulo pode ser a chave. Dilma saiu-se mal em «SP» no primeiro turno, mas há a ideia de que poderá recuperar um pouco no domingo. Em contraponto, Minas Gerais pode ser a chave para Aécio. Antigo governador do estado, precisa de ter melhor desempenho no segundo turno.

Também em termos etários se notam clivagens: os mais novos (dos 16 aos 24) e os mais velhos (acima dos 60) votam Aécio; entre os 25 e os 59, Dilma tem pequena vantagem.

Nas redes sociais, Aécio tem mais apoiantes. O eleitor de Dilma surge como menos sofisticado e mais agarrado a hábitos tradicionais.

Mas está tudo muito dividido: aconteça o que acontecer no domingo, parece mais ou menos inevitável que quase metade do Brasil não fique satisfeito com o nome do vencedor.

Não é só isso não ser bom: isso prova, essencialmente, que a era de «consenso» vivida com Fernando Henrique e sobretudo com Lula (já não com Dilma), simplesmente terminou.

O primeiro mandato de Dilma foi um fracasso. O Brasil travou em vez de se manter em velocidade de cruzeiro. Mesmo que, à última, a «Presidenta» obtenha a reeleição, a noção de perda eleitoral é notória.

A eterna história de ricos e pobres

E, depois, há a eterna história dos «ricos e pobres», que vemos nas novelas da Globo e que corresponde mesmo à realidade: o Brasil tem dois «países» encaixados naquela enorme porção terra, tão diversa e tão desigual.

Os mais ricos não querem mais PT e votam Aécio. Dilma tem apoio maciço dos eleitores mais pobres, receosos de que uma mudança no Planalto signifique a perda dos apoios sociais.

A máquina propagandística do PT, de enorme poder triturador dos adversários, tem agitado esse fantasma e isso poderá explicar a recuperação de Dilma nesta reta final (as primeiras sondagens pós primeiro turno davam vantagem a Aécio; nestes dias finais da campanha, Dilma já surge à frente).

As características dos candidatos aumentam essa dualidade: Aécio Neves, neto de Tancredo Neves (que venceu as eleições presidenciais de 1985, mas morreu antes da tomada de posse), nasceu em berço de ouro e tem família influente há várias décadas em Minas Gerais e na política nacional.

Uma análise para lá dos rótulos das campanhas mostra-nos que essa dualidade é artificial. Esta não é, sequer, uma luta entre esquerda e direita.

Em primeiro lugar, porque o PT, desde que tomou o poder, há muito que abandonou práticas «de esquerda» na governação (basta dizer que grande parte das empresas e dos «mercados» desejam a reeleição de Dilma).

Depois, porque, ao contrário do que alguns por cá dizem, Aécio Neves não é «de direita». Tal como Fernando Henrique, de resto, não o era quando foi presidente. O PSDB (Partido da Social-Democracia Brasileira) é um partido moderado, de centro-esquerda, que acredita nos apoios sociais, mas propõe menor intervenção estatal do que o PT assumiu.

Em Portugal, Aécio estaria algures entre o PS e o PSD e bem mais à esquerda do CDS/PP. Fernando Henrique, é bom lembrar, era uma das referências políticas internacionais de Mário Soares e António Guterres durante a década de 90…

A questão é que o cenário político, no Brasil, está mais fletido à esquerdo, se comparado com o nosso.

A escolha de Marina

O mais curioso é que este duelo no segundo turno marca uma espécie de «regresso» à bipolaridade PT/PSDB, que tem marcado as duas últimas décadas na política brasileira.

Fernando Henrique era do PSDB, Lula e Dilma são «pêtistas». Os 20% de Marina há quatro anos e os 22% da mesma Marina agora no primeiro turno pareciam indicar uma terceira via com força para terminar com essa bipolaridade.

Mas não. O centro político continua a ser decisivo e a escolha de Marina por Aécio (ideologicamente improvável, mas politicamente previsível) mostra que os extremos, no momento da decisão, tendem a aproximar-se da moderação.

O beija-mão (literal) do candidato do PSDB a Marina Silva, a selar o apoio para o segundo turno (que poderá ter como contrapartida a entrega do cargo de ministra dos Negócios Estrangeiros à candidata que na primeira volta arrecadou 22% eventualmente decisivos) pode ficar para a história como a imagem que decidiu a eleição presidencial.

Os quase 60% de votos-sem-ser-em-Dilma no primeiro turno pareciam dar boa base de vitória a Aécio para o segundo turno. Os apoios de Marina e da família do falecido Eduardo Campos reforçavam essa ideia.

Depois dos debates, Dilma parece ter retomado as rédeas da corrida. Chega ao dia da votação com 2 ou 3% acima de Aécio nas pesquisas. Mas quem decide mesmo são os eleitores brasileiros no domingo.

E a história mostra que, na hora da verdade, têm escolhido bem.



Germano Almeida

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Pode alguém ser quem não é?

A comunicação deve servir para transmitirmos uma ideia, uma mensagem, um
percurso.

Não faz milagres, mas pode servir de instrumento fundamental para que um político, um empresário, um CEO, um treinador de futebol, um craque da bola, possa ter sucesso.

Bem usada, pode valer promoções ou ganhar eleições. Mal utilizada, ameaça carreiras e pode comprometer objetivos fundamentais.

A boa comunicação é amiga de quem a sabe usar. Má comunicação pode ter efeitos desastrosos e, por vezes, até profundamente injustos para quem tinha tudo para chegar mais longe.

Se é fácil perceber que a comunicação, por si só, não é suficiente e deve sustentar-se numa ideia, numa instituição, ou numa pessoa que tenham algo sustentado para transmitir, sobram dúvidas sobre como e quando usar o poder da palavra e da imagem.

Parafraseando o enorme Sérgio Godinho, apetece perguntar: «Pode alguém ser quem não é?»

É que o dilema, na área da comunicação, é mesmo o que dá título a uma das mais belas canções do autor e cantor português, inicialmente gravada no final da década de 70, no álbum «Pré-Histórias».

Alguns exemplos da inquietação que tento expor nesta crónica: se toda a gente sabe que Jorge Jesus não tem na retórica e na bagagem cultural o seu forte, fará sentido pô-lo a citar frases de… Pascal e a falar de quadros de Paula Rego?

Não fará mais sentido reforçar os méritos táticos de um treinador com inegáveis méritos e resultados acima de qualquer suspeita?

Identificada a contradição, devo também dizer que noto evolução positiva na forma como o agora treinador campeão nacional foi comunicando, desde que chegou ao Benfica.

Não foi por isso que ganhou, esta época, três títulos e ainda chegou a uma final europeia, é claro. Mas essa evolução terá ajudado a que Jesus ganhasse mais tempo para impor as suas ideias e mostrar resultados num clube onde a obrigação de ganhar é… quase imediata.

E quanto a esta bizarra campanha eleitoral para as europeias: Paulo Rangel e Francisco Assis são apontados como dois dos políticos portugueses mais bem preparados.

Têm ambos um perfil racional, não são associados a «carreirisimo» partidário, têm ideias próprias e uma dimensão intelectual indiscutível.

Perante este perfil dos cabeças-de-lista dos dois blocos partidários mais votados (coligação de governo e PS), era de esperar uma campanha elevada no plano das ideias.

Pedagógica, de preferência, tendo em conta a dificuldade dos temas, numa campanha europeia.

Ora, a que é que se assistiu: a um espetáculo deprimente de trocas de acusações estéreis, criadas de forma artificial, entre dois políticos que a nível pessoal até se respeitam e que teriam, certamente, condições de empreender um debate bem mais útil e interessante. 

Em vez de valorizarem as respetivas imagens nesta campanha, Rangel e Assis perderam, dia após dia, por tentarem mostrar o que não são.

Não tenho ideias fechadas sobre o tema, juro.

Bastou ter trabalhado durante um ano e meio «do outro lado» (em 21 anos de carreira, tenho 19 e meio de jornalismo e ano e meio como diretor de comunicação da Liga Portuguesa de Futebol Profissional) para ter tido uma noção de como é difícil dar conselhos sobre comunicação.

Trata-se de uma área onde há mais dúvidas que certezas, na qual estamos, diariamente, a agir e reagir, com necessidade permanente de corrigir, reduzir danos, construir um caminho que nunca estará acabado.

Exatamente por isso, vale a pena questionar. Refletir. Quanto mais o faço, mais concluo que, na comunicação, é fundamental respeitar os traços originais de quem está a emitir a mensagem.

Pode alguém ser quem não é?

Germano Almeida

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

O maior #fail da comunicação na Comissão Europeia? Eu não penso assim…


Andava por aqui a rever artigos interessantes dos últimos dois anos, quando verifiquei que não tive oportunidade de expor esta situação ocorrida em 2012 com o departamento de comunicação da Comissão Europeia, mais precisamente com a DG Enlargement.

Despenda 90 segundos da sua vida e assista a este filme!

Foi para muitos considerado tão mau, que pode bem tornar-se num culto!

Como é que o Kung Fu, a Capoeira e o Kalaripayattu podem aumentar o interesse europeu para futuros alargamentos na EU.



Após o lançamento deste filme a Comissão Europeia recebeu fortes críticas nas redes sociais, e acabou mesmo por retirar o filme do Youtube e cancelar a campanha.

Fez igualmente este comunicado em inglês para a imprensa:


“We have received a lot of feedback on our latest video clip, including from people concerned about the message it was sending.
It was a viral clip targeting, through social networks and new media, a young audience (16-24) who understand the plots and themes of martial arts films and video games. The reactions of these target audiences to the clip have in fact been positive, as had those of the focus groups on whom the concept had been tested.

The clip featured typical characters for the martial arts genre: kung fu, capoeira and kalaripayattu masters; it started with demonstration of their skills and ended with all characters showing their mutual respect, concluding in a position of peace and harmony. The genre was chosen to attract young people and to raise their curiosity on an important EU policy.

The clip was absolutely not intended to be racist and we obviously regret that it has been perceived in this way. We apologise to anyone who may have felt offended. Given these controversies, we have decided to stop the campaign immediately and to withdraw the video.

Stefano Sannino, Director General of DG Enlargement”

Para mim o filme só peca pelas escolhas de “casting” das personagens apresentadas, uma vez que o Brasil, o Japão/China, entre outros países Asiáticos dificilmente farão parte da União Europeia. O mesmo diz respeito à personagem referente à UE, a figura inspirada no “Kill Bill” dificilmente representa os países europeus.

No entanto temos que ter em conta a aposta num vídeo Viral, com óbvias referências a personagens de filmes e de jogos de computador, a música coloca-nos numa aura de um “Western Spaghetti”, enfim uma forma diferente de captar os jovens para os assuntos europeus!

A essência do filme é captada, mas poderá ser considerado RACISMO?
Para mim nunca e para vocês, qual a vossa opinião?

Helder Gonçalves

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Veuve-Clicquot processa produtor italiano por causa da cor do rótulo


A Veuve-Clicquot, uma das mais emblemáticas produtoras de champagne, a segunda maior, insurgiu um processo legal contra uma pequena produtora vínica italiana, alegando que o rótulo que esta produtora usa num vinho é muito semelhante ao seu, estando por isso, a plagiar a sua arte.

Efectivamente, a Veuve-Clicquot determina que o rótulo de Ciro Picariello usa o Pantone 137C, o tal amarelo tão marcante que estamos habituados a ver nas prateleiras repletas deste champagne. No entanto, ao analisarmos ambos os rótulos, mesmo sem muita atenção, conseguimos ter a clara percepção de que a cor não é a mesma e que, ainda assim, não existe nenhum símbolo susceptível de ter sido plagiado, o que tira qualquer fundamento a esta acusação.
O que nos leva a uma outra questão: será que haverá algo que não estamos realmente a ver?

O que se passará realmente por detrás desta paleta de cores?

Uma marca megalómana como a Veuve-Clicquot não precisa de má publicidade para vender, já que está num patamar de produção muito acima da Ciro Picariello: as 50.000 garrafas produzidas pela Ciro nunca poderão causar impacto negativo contra os 18 milhões de garrafas anuais da Veuve-Cliquot. Bem… na verdade, poderão sim, e esta notícia é um caso desses.
A perspectiva mais interessante desta notícia é que, mesmo sendo uma acusação que já tem algum tempo, e tendo rebentado na comunicação social mundial apenas dia 20/1, já existem milhares de manifestos online contra a Veuve-Clicquot, tendo sido já criada a hashtag que ridiculariza esta acção, apoiando a pequena produtora italiana: #boicottalavedova, ou seja, “boicote à viúva”.

Os manifestos vão desde opiniões sobre o ridículo que é argumentar um “amarelo contra um laranja”, desde a negatividade que é uma marca tão grande processar uma marca mais pequena, por razões demasiadamente duvidosas, até ao extremo em que muitos clientes fidelizados se sentem ofendidos por a marca ter esta atitude globalmente reprovável.

Existe claramente uma péssima gestão de relações públicas e comunicação, numa marca que se deveria posicionar de acordo com o patamar que conquistou. A opinião pública fiel à marca deveria ter sido preservada, de modo a preservar não a tradição ou o passado da Veuve-Clicquot, mas sim o seu futuro.

Com este tipo de comunicação, a única empresa que está a sair bem vista é a Ciro Picariello que, além de ser colocada no mapa, ganhou mais “followers” do que qualquer campanha de marketing conseguiria alcançar, neste tão curto espaço de tempo.

Ainda muita tinta vai borbulhar sobre este assunto nas próximas semanas, mas a partir de hoje, o Pantone 137C nunca mais será o mesmo.

Diana Teixeira de Carvalho

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Beber com moderação: porque não?



Na sociedade de hoje em dia, estamos habituados a duvidar do que nos dizem, a questionar o que nos escrevem, o que nos ditam. Talvez por isso mesmo aprendemos a questionar a autoridade que exercem sobre nós na tomada de posição sobre leis e proibições: questionamos tudo o que nos impede de fazer algo.
E isto não é assim tão mau, afinal de contas até é bom questionar e por em causa o que achamos não estar correcto, desde que isso não nos prejudique.


Um facto é que em relação ao tema “beber com moderação”, muitos de nós continuam com uma atitude exageradamente rebelde, como que a desafiar alegremente o facto de que sim, o nosso corpo tem limites em quase tudo e a absorção do nível de álcool é um deles.

Como que se fosse um ritual marcado aos fins de semana, o cérebro está já programado para começar o final de tarde com uma alegria espontânea e terminar a noite com uma sonolência de tal forma alcoolizada de que nem sequer se recorda o movimento que fará de seguida, levando-nos a uma condução perigosa, violenta e acompanhada de movimentos demasiadamente lentos que permitam alguma segurança para nós e para os outros condutores.

Bebe-se por tudo e por nada, porque beber é cool. Beber cerveja é divertido, mas beber muitas cervejas é sinal de que és um herói.
Beber vinho está na moda, mas beber duas garrafas de vinho ao jantar é coisa de gente “adulta e bem informada”.
Estar numa disco de copo na mão e nunca deixar que se veja o fundo é o sinal mais moderno de todos os tempos, por isso, é de mau tom abandonar um bar sem beber pelo menos 3 gin’s ou 4 vodkas. Errado, tudo errado.

A juntar a tudo isto, o limite máximo aceitável da taxa de álcool no sangue, para condução, diminuiu já no início de 2014, pelo que mais rebeldes se irão manifestar. Bebe-se para festejar, bebe-se para mostrar e bebe-se para seduzir: bebemos para mostrar que “bebemos o que quisermos, sem limites”.
O limite máximo de álcool no sangue é uma legislação séria e existe para que possamos ser responsáveis e dar segurança às estradas.

Beber um vinho ao jantar ou uma bebida branca num bar deveria ser um prazer e um momento alegre, moderado no sentido de termos a certeza de que estamos em boas condições motoras e alerta para conduzir.

Saber que até àquele limite, podemos conduzir uma máquina (automóvel) em perfeitas condições, não pondo em risco a nossa condição nem a dos outros.

Esta é uma situação que começa a preocupar as autoridades: mais de 80% dos acidentes que ocorrem em alturas especiais no ano são provocados por condutores com excesso de álcool no sangue. As marcas de bebidas lançam algumas campanhas de prevenção mas a verdade seja dita: o objectivo é vender.
A legislação existe, mas nem precisava de ter sido inventada.

Em relação a este assunto, a verdadeira rebeldia não está no beber para ficar mais cool: cada um de nós deveria ser rebelde o suficiente para exigir dos outros a responsabilidade na condução segura. Porque não?

Diana Carvalho