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quinta-feira, 23 de outubro de 2014
Só metade do Brasil vai ganhar
12:04
Aécio, Brasil, Campanha, Comunicação Política, Dilma Roussef, Eleições, Marketing
Sem comentários
O Brasil é o
tal país que, na definição genial de Millor Fernandes, «tem um longo passado
pela frente». Ou, como sintetizou também com especial precisão o escritor
Stefan Zweig, «é um país de futuro… e sempre será».
Deus pode
até nem ser brasileiro, mas mesmo quando o Brasil parece caminhar para o
abismo, percebemos que, simplesmente, não cabe lá, de tão grande que é.
Terra
fantástica com situações miseráveis, paraíso de contrastes, já prometeu ser a
grande história de sucesso dos «emergentes», mas os últimos anos podem tê-la
condenado ao fantasma do fracasso.
Fica difícil
avaliar, neste momento, se prevalece a carga positiva ou negativa de um país
com um potencial humano e natural gigantesco, mas com contradições que resistem
a ciclos económicos.
Crescimento espetacular, travagem
assustadora
O modelo de
crescimento do Brasil produziu resultados espetaculares nas últimas duas
décadas.
No início
dos anos 90, o Brasil era essencialmente um país pobre, subdesenvolvido, estigmatizado
pela inflação e pela desvalorização da moeda. Muito marcado pelas diferenças
sociais e pela violência.
Nessa
altura, quando pensávamos no Brasil, tínhamos sentimentos negativos: aquilo não
ia correr bem.
Durante a
presidência de Fernando Henrique Cardoso, tudo mudou: a introdução do real foi
o golpe de asa financeiro que lançou as bases para o crescimento económico que
se iniciaria pouco depois.
Com Fernando
Henrique, o Brasil teve dois momentos cruciais: salvou-se economicamente e
começou o caminho da distribuição social.
Seria Lula,
seu sucessor na presidência, a acelerar, de modo impressionante, o lado social:
muitos milhões de brasileiros saíram da pobreza e passaram a fazer parte de uma
nova classe média. E isso é um crédito político tremendo do antecessor de
Dilma.
Os programas
«Bolsa Família» e «Fome Zero» passaram a ser bandeiras de políticas sociais,
citados como exemplos a seguir um pouco por todo o Mundo.
De tal modo
que, nesta dura e divisiva campanha presidencial, os únicos consensos foram
mesmo os legados sociais de Lula (só possíveis por aquilo que a presidência de
Fernando Henrique encetou): Dilma, Aécio e Marina juraram preservá-los.
Ainda hoje,
Lula é uma espécie de ás de trunfo da política brasileira.
Saiu do
Palácio do Planalto com índices de aprovação entre 70 a 80%, um luxo de que
mais ninguém (mais ninguém mesmo) se pode gabar no mundo contemporâneo.
Governar em democracia, na era do escrutínio em tempo real, é cada vez mais
difícil e a popularidade de Lula, nesse aspeto, é um fenómeno simplesmente
notável.
Acontece que
a história de crescimento económico espetacular, com consequências positivas na
distribuição social, durou duas décadas. Isso mesmo, «durou», porque já é
passado.
Teve o
«combustível» de taxas de crescimento anuais de 6 a 8%, à boleia de um ciclo de
preços altos das matérias-primas nos mercados internacionais. Estudo do PNUD,
divulgado no verão de 2013, confirmou esse crescimento impressionante: em 1991,
o Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil tinha a nota «muito baixo». Duas
décadas depois, merece um «Alto»: um crescimento de 47,5% da qualidade de vida
dos brasileiros nos últimos 20 anos.
Só que falta
encontrar o equilíbrio social. As manifestações do verão de 2013 puseram a nu
esse problema: o crescimento económico, mesmo com os programas sociais, não
resolveu as diferenças sociais.
A corrupção
(que, no Brasil, é clara em todos os níveis de poder, desde o local ao federal,
com forte relevância no plano estadual) agrava essa sensação de desperdício e
de injustiça social.
Novo paradigma, ganhe quem ganhar
Os 12 anos de
poder do PT (oito de Lula, quatro de Dilma) basearam-se num contrato: o
enriquecimento do Brasil pela via da exportação teria retorno na preservação
dos programas sociais.
Apesar do
desgaste de vários casos de corrupção a atingirem figuras muito próximas de
Lula e Dilma, a verdade é que esse contrato foi-se aguentando. E isso nota-se
nesta eleição: os 41% de Dilma no primeiro turno, sendo abaixo do que se
esperava, basearam-se, em grande parte, na massa de eleitores dependentes desse
grande «contrato social» alimentado pelo PT.
Sucede que
esse contrato está a acabar: mesmo que Dilma seja reeleita.
O Brasil
está com crescimento anémico. Os 8% já lá vão e foram reduzido a um décimo
disso. Ora, se um crescimento de 0.8%, hoje em dia, é quase festejado numa
Europa habituada à estagnação, no Brasil é socialmente insustentável.
Não chega
para alimentar os programas sociais, não dá para manter a rota desenhada para
crescer indefinidamente.
Para manter
o atual modelo económico, o Brasil precisava de crescer, no mínimo a 4%. Como
isso, tão cedo, não voltará a acontecer (sobretudo com os preços das matérias-primas
a baixar nos mercados internacionais), temos que concluir que a era do poder do
PT terminou – mesmo que Dilma vença Aécio no segundo turno.
Para Aécio
será mais fácil, caso vença: o discurso de «mudança» pega melhor num momento
como este. Dilma terá, certamente, mais dificuldades em moldar o seu discurso e
a sua prática de governação, caso garanta um segundo mandato.
Dilma no Norte, Aécio no Sul
Há dois
«Brasis» expressos nas urnas e o primeiro turno foi eloquente a prová-lo.
O Norte e o
Nordeste, muito mais pobres que a média nacional e dependentes dos programas
sociais, estão gratos a Lula e Dilma e permanecerão fiéis ao PT.
As pesquisas
dão quase 70% a Dilma nessas regiões para a segunda volta.
O Sul, o
Centro-Oeste e os grandes centros urbanos, mais ricos e menos dependentes dos
subsídios, votam Aécio, esperando menos peso do Estado na economia e mais
segurança urbana.
São Paulo
pode ser a chave. Dilma saiu-se mal em «SP» no primeiro turno, mas há a ideia
de que poderá recuperar um pouco no domingo. Em contraponto, Minas Gerais pode
ser a chave para Aécio. Antigo governador do estado, precisa de ter melhor
desempenho no segundo turno.
Também em
termos etários se notam clivagens: os mais novos (dos 16 aos 24) e os mais velhos
(acima dos 60) votam Aécio; entre os 25 e os 59, Dilma tem pequena vantagem.
Nas redes
sociais, Aécio tem mais apoiantes. O eleitor de Dilma surge como menos
sofisticado e mais agarrado a hábitos tradicionais.
Mas está
tudo muito dividido: aconteça o que acontecer no domingo, parece mais ou menos
inevitável que quase metade do Brasil não fique satisfeito com o nome do
vencedor.
Não é só
isso não ser bom: isso prova, essencialmente, que a era de «consenso» vivida
com Fernando Henrique e sobretudo com Lula (já não com Dilma), simplesmente
terminou.
O primeiro
mandato de Dilma foi um fracasso. O Brasil travou em vez de se manter em
velocidade de cruzeiro. Mesmo que, à última, a «Presidenta» obtenha a
reeleição, a noção de perda eleitoral é notória.
A eterna história de ricos e pobres
E, depois,
há a eterna história dos «ricos e pobres», que vemos nas novelas da Globo e que
corresponde mesmo à realidade: o Brasil tem dois «países» encaixados naquela
enorme porção terra, tão diversa e tão desigual.
Os mais
ricos não querem mais PT e votam Aécio. Dilma tem apoio maciço dos eleitores
mais pobres, receosos de que uma mudança no Planalto signifique a perda dos
apoios sociais.
A máquina
propagandística do PT, de enorme poder triturador dos adversários, tem agitado
esse fantasma e isso poderá explicar a recuperação de Dilma nesta reta final
(as primeiras sondagens pós primeiro turno davam vantagem a Aécio; nestes dias
finais da campanha, Dilma já surge à frente).
As
características dos candidatos aumentam essa dualidade: Aécio Neves, neto de
Tancredo Neves (que venceu as eleições presidenciais de 1985, mas morreu antes
da tomada de posse), nasceu em berço de ouro e tem família influente há várias
décadas em Minas Gerais e na política nacional.
Uma análise
para lá dos rótulos das campanhas mostra-nos que essa dualidade é artificial.
Esta não é, sequer, uma luta entre esquerda e direita.
Em primeiro
lugar, porque o PT, desde que tomou o poder, há muito que abandonou práticas
«de esquerda» na governação (basta dizer que grande parte das empresas e dos
«mercados» desejam a reeleição de Dilma).
Depois,
porque, ao contrário do que alguns por cá dizem, Aécio Neves não é «de
direita». Tal como Fernando Henrique, de resto, não o era quando foi presidente.
O PSDB (Partido da Social-Democracia Brasileira) é um partido moderado, de
centro-esquerda, que acredita nos apoios sociais, mas propõe menor intervenção
estatal do que o PT assumiu.
Em Portugal,
Aécio estaria algures entre o PS e o PSD e bem mais à esquerda do CDS/PP.
Fernando Henrique, é bom lembrar, era uma das referências políticas
internacionais de Mário Soares e António Guterres durante a década de 90…
A questão é
que o cenário político, no Brasil, está mais fletido à esquerdo, se comparado
com o nosso.
A escolha de Marina
O mais
curioso é que este duelo no segundo turno marca uma espécie de «regresso» à
bipolaridade PT/PSDB, que tem marcado as duas últimas décadas na política
brasileira.
Fernando
Henrique era do PSDB, Lula e Dilma são «pêtistas». Os 20% de Marina há quatro
anos e os 22% da mesma Marina agora no primeiro turno pareciam indicar uma
terceira via com força para terminar com essa bipolaridade.
Mas não. O
centro político continua a ser decisivo e a escolha de Marina por Aécio (ideologicamente
improvável, mas politicamente previsível) mostra que os extremos, no momento da
decisão, tendem a aproximar-se da moderação.
O beija-mão
(literal) do candidato do PSDB a Marina Silva, a selar o apoio para o segundo
turno (que poderá ter como contrapartida a entrega do cargo de ministra dos
Negócios Estrangeiros à candidata que na primeira volta arrecadou 22%
eventualmente decisivos) pode ficar para a história como a imagem que decidiu a
eleição presidencial.
Os quase 60%
de votos-sem-ser-em-Dilma no primeiro turno pareciam dar boa base de vitória a
Aécio para o segundo turno. Os apoios de Marina e da família do falecido
Eduardo Campos reforçavam essa ideia.
Depois dos
debates, Dilma parece ter retomado as rédeas da corrida. Chega ao dia da
votação com 2 ou 3% acima de Aécio nas pesquisas. Mas quem decide mesmo são os
eleitores brasileiros no domingo.
E a história
mostra que, na hora da verdade, têm escolhido bem.
Germano
Almeida
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
Portugal, Lisboa, Luxo e a Dilma Roussef
Lisboa é conhecida pela sua hospitalidade e mais recentemente a paragem da Presidente Brasileira em Portugal, é uma prova do bom gosto pela capital portuguesa.
Tendo em consideração que foi uma paragem técnica imprevista do avião presidencial, já tinha sido comunicado anteriormente ás autoridades portuguesas (de acordo com alguns artigos publicados na imprensa brasileira), nomeadamente ao chefe do protocolo do Governo Português.
Entre o imprevisto e o que estava agendado, na realidade os factos são desconhecidos, existindo as duas versões, mas afinal, qual a real vantagem para Lisboa? Do ponto de vista de comunicação, algumas mensagens passaram a nível nacional e internacional.
- Restauração em Lisboa / Portugal
- Hotelaria
Que associação é possível percepcionar?
Luxo - nos serviços prestados pelos diversos agentes económicos envolvidos;
Diversidade - Múltiplas actividades existentes no nosso país direccionadas aos turistas com os mais diversos gostos e preferências;
City Break - O conceito de possibilidade de realização de city break em Lisboa (máximo 3 dormidas na cidade);
Potencial Crescimento do Turismo - Crescimento de números de turistas oriundos do Brasil, com poder de compra e dispostos a permanecer no mínimo 3 noites no nosso país.
O que aparenta ser uma dificuldade para Dilma Roussef, sem o querer, é mais uma acção de comunicação para Portugal e particularmente para Lisboa, com claro impacto na Imagem e Reputação.
Passa o marketing das cidades também por estes imprevistos / agendamentos? Qual é a vossa opinião?
Luís Lopes
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