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A nossa equipa é composta por diferentes profissionais da área da Comunicação. Assessoria, Comunicação Corporativa, Redes Sociais, Protocolo e Marketing Pessoal são temas que semanalmente vamos abordar por aqui!

Assessoria de imprensa

Abordagem de questões/temáticas que se colocam frequentemente aos assessores de imprensa.

A Comunicação e as Redes Sociais

A disseminação de informação pelas redes sociais mudou totalmente o paradigma do tempo em relação à prática da comunicação empresarial, sobretudo no que diz respeito à assessoria de imprensa. Hoje, possuir uma cultura de comunicação é insuficiente. É necessário ter uma cultura de comunicação em tempo real,

Comunicação Corporativa

A comunicação corporativa é essencial para empresas e precisa ser colocado em prática para otimizar a eficiência do trabalho corporativo.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

O fenómeno 50 Shades of Grey



Com cerca de 100 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo, E. L. James orgulha-se de quebrar tabus e tem conquistado uma adesão sem precedentes. Contudo, será isso suficiente para garantir o sucesso do filme? 

Com a estreia da adaptação cinematográfica do bestseller de E. L. James, “Fifty Shades of Grey”, a onda de descontentamento tem sido geral e as críticas atrozes. O filme só chega hoje às salas de cinema do Reino Unido, mas as reviews até agora publicadas têm na sua maioria “arrasado” o filme e a realização de Taylor-Johnson, bem como o desempenho e falta de química dos protagonistas Jamie Dornan, como Christian Grey e Dakota Johnson, Anastasia Steele. Alguns dos exemplos mais notórios pertencem ao USA Daily “Sitting through the turgid and tedious S&M melodrama that is Fifty Shades of Grey may feel like its own form of torture”;ao Independent “It’s also nice to see a film in which the best asset of the male star is his body. Taylor-Johnson seems to have turned the table on the casting methods of male directors with their leading ladies.”; e ao New York Times “ “Fifty Shades of Grey” might not be a good movie — O.K., it’s a terrible movie — but it might nonetheless be a movie that feels good to see, whether you squirm or giggle or roll your eyes or just sit still and take your punishment.”. 

 Contudo, o êxito de bilheteira é incontestável, segundo o The New YorkTimes,  espera-se, só nas salas de cinema americanas, para este fim-de-semana um retorno bastante considerável- “ could take in as much as $90 million at North American theaters over the four-day weekend, according to tracking services. (The studio is projecting “more than” $50 million.) The movie cost $40 million to make”. Em Portugal, antes da estreia já tinham sido vendidos 47 mil bilhetes.

Este fenómeno, que antes de estrear já tinha lucro garantido pela pré-venda de bilhetes, é fruto de um bom plano de marketing, a nível internacional, que soube tirar proveito do reconhecimento dos livros. Desde o adiamento da estreia para o dia dos namorados (inicialmente era previsto estrear em Agosto de 2014), à venda de bilhetes desde 13 de Dezembro, dentro de um envelope com “Curiosa?” em letras garrafais e no interior “Mr. Grey recebe-a já de seguida”, sem esquecer a divulgação de vários trailers e teasers durante a promoção do filme, que serviam para aliciar a curiosidade do público, provocando-o com excertos do filme, criando um forte engagement com a audiência expectante.

 Então o que correu mal? Porque é que as críticas têm sido tão negativas? A meu ver, as pessoas esperam mais do filme do que aquilo a que este se compromete. Fruto de toda esta mediatização e do buzz gerado em torno do filme, as expetativas foram de tal forma fomentadas que se tornaram insustentáveis. Afinal de contas, trata-se de um filme cujo enredo se foca no clichê máximo da relação entre um homem bem-sucedido e atraente e uma jovem inocente, de uma realidade oposta, que não sabe o que é que ele vê nela. Típico. Deste modo, é perfeitamente previsível que haja cenas completamente ocas, sem conteúdo. O que distingue este de outro qualquer romance? O lado erótico e os hábitos sadomasoquistas do protagonista. Uns entendem Christian Grey como um maníaco do controlo, machista e arrogante, outros rendem-se à sua faceta de dominador e consideram-no atraente. 

Parece-me redutor afirmar que este fenómeno é dirigido a mulheres quarentonas frustradas com o casamento ou com a atividade sexual. Já vi homens e mulheres, de todas as idades, rendidos a este enredo, embora haja algum pudor em admiti-lo.

Os que desejavam mais cenas de sexo explícito têm de perceber o impacto que isso teria na audiência, pois a classificação teria de ser para maiores de 18 anos (em vez dos atuais 16) e isso implicava uma redução ao nível do público-alvo. Além do mais, para a Universal Pictures, a ótica da Anastasia é mais rentável, pois consegue garantir uma maior adesão a  um romance, do que a um filme pornográfico.

Mariana Luís Gonçalves




quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

PRÉMIO NACIONAL INDÚSTRIAS CRIATIVAS

O Prémio Nacional Indústrias Criativas Super Bock/Serralves é uma iniciativa pioneira em Portugal, promovida pela Unicer, através da marca Super Bock, e a Fundação de Serralves.


A organização acredita nos inconformistas, nos que não se resignam e que por isso mesmo têm um espírito criativo e empreendedor. Desde cedo reconheceram a importância do setor e foram os primeiros a promover uma competição exclusivamente dedicada às Indústrias Criativas.

São parceiros da UNICER a ADDICT, Agência Nacional de Inovação, ANJE, BPI, ESAD, Fundação da Juventude, IAPMEI, Brand New Box, Universidade do Porto, Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa Porto.

Em 2014 foi iniciada uma parceria do Prémio Nacional Indústrias Criativas (PNIC) com o programa The Next Big Idea (TNBI), que organizou o Roadshow PNIC/TNBI, destinado à divulgação do Prémio junto da comunidade universitária e dos fóruns das Indústrias Criativas.


Esta parceria mantém-se em 2015, com o Roadshow a passar, em datas devidamente publicitadas, por vários locais. Graças a esta iniciativa, permitem aos candidatos (os que efetuam a sua inscrição online na competição através do "Formulário de Candidatura PNIC/TNBI") gravarem um pequeno vídeo de apresentação da sua ideia.

No seguimento dessa parceria, o Prémio Nacional Indústrias Criativas e os seus finalistas merecem destaque no programa The Next Big Idea, do canal televisivo SIC Notícias.

Mantém-se, no entanto, o formato tradicional de candidaturas ao Prémio (não implicando, pois, a participação no Roadshow PNIC/TNBI).

Em ambos os modos de inscrição, e como sempre, todas as candidaturas são submetidas através do site: 
http://www.industriascriativas.com

Helder Gonçalves



sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

‪#‎HeForShe‬


"It is my belief that there is a greater understanding than ever that women need to be equal participants in our homes, in our societies, in our governments and in our work places. And they know that the world is being held back in every way because they are not" - Emma Watson


Cada um de nós pode e deve contribuir. A forma como agimos no nosso núcleo, a forma como interpretamos o papel da mulher e do homem na sociedade. Porque há distinção? Não está a ser pedido nenhum favor, nenhum tratamento especial... Devem ser garantidos os mesmos direitos e o acesso às mesmas oportunidades. Não se trata de uma dualidade homem vs. mulher, não é uma luta de poder, é uma luta pela igualdade: pela igualdade de géneros. É hora de quebrar, de uma vez por todas, o status quo obsoleto, a imagem estereotipada, pois isso é discriminar.

É importante que exista este tipo de endorsement por parte de figuras públicas, para chamar a atenção e consciencializar a população. A atriz Emma Watson soube tomar partido da influência mundial que possui para, como embaixadora da UN Women, lutar por uma causa em que acredita, conseguindo com que esta passasse também a ser a causa de milhares de pessoas, e conquistando o apoio de figuras como Yoko Ono, Hillary Clinton e o Príncipe Harry. 

Todos podemos fazer a diferença. #‎HeForShe  









Mariana Luís Gonçalves

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Gerir/exponenciar uma crise


Uma crise interna é tanto mais grave quanto pior for a comunicação para o exterior. Foi isso mesmo que sucedeu com o Sporting desde que Bruno de Carvalho fez o explosivo comentário via Facebook na sequência da derrota em Guimarães. A opinião é sagrada mas, consoante o cargo, existem formas mais ou menos corretas de as expor. Evitando aqui – mas não menosprezando a sua importância – clarificar quem tem a maior fatia das culpas na crise ou debruçar-me sobre questões relacionadas com feitio, ingerências ou “agendas”, é possível concluir ainda assim que a crise não foi empolada, foi sim alimentada pelos seus intervenientes, uns mais do que os outros, por intervenções extemporâneas e por vezes contraditórias. Bruno de Carvalho, Marco Silva e, posteriormente, José Eduardo, foram os intervenientes de uma novela que teve o seu fim mas certamente com chama acesa nos bastidores. Foram ditas coisas que impossibilitam que, de um momento para o outro, apenas porque se disse que tudo está resolvido, estejam efetivamente as divergências sanadas.
Não há nenhum clube onde não existam problemas. A forma como os mesmos são resolvidos e, durante esse processo, é feita a comunicação é que difere e, em vários casos, acaba por fazer a diferença. Diz-se que Bruno de Carvalho tem um perfil muito próprio, que acaba facilmente por entrar em choque; diz-se que Marco Silva tinha uma agenda própria, que passaria por destituir o presidente. Verdade ou não, o clube não atacou o chorrilho de acusações a tempo e deixou que as mesmas espalhassem a confusão.
O primeiro episódio pós-Guimarães, que aqueceu o ambiente até ao ponto de ebulição, ocorreu na célebre comunicação apenas dois dias antes do importante jogo na Madeira, com o Nacional. Bruno de Carvalho exigiu publicamente que todos dessem a cara e assumissem os seus erros, enviando recados para treinador e jogadores quando o deveria ter feito “cara a cara”, fora do escrutínio público – “modus operandi” que Marco Silva admitiu preferir quando tem de criticar, após esse encontro com os insulares.
À célebre reunião que ditou a rotura naquele momento seguiu-se um blackout que tinha por objetivo impedir uma certa lavagem de roupa suja no espaço público. Mas o mal já estava feito, fosse pela ausência de esclarecimentos plausíveis às notícias sobre a quebra na relação entre Bruno de Carvalho e Marco Silva, fosse – e aqui, refira-se, o controlo das declarações era bem mais complicado – pelas intervenções de antigos dirigentes e sócios. É aqui que entra José Eduardo. O ataque pessoal do também antigo jogador manteve a quezília na ordem do dia. Pior, ao dizer que estava mandatado pela direção (Bruno de Carvalho, portanto) – ou autorizado, segundo esclarecimentos recentes –, José Eduardo deixou no ar que ilustrava a posição do presidente no diferendo. É impensável, se estamos a falar de um relacionamento no mínimo cordial entre presidente e treinador, que o mais alto representante de um qualquer emblema não repudie um ataque daquele calibre ao seu técnico. Ao não desmenti-lo na altura, não legitimou as críticas de José Eduardo mas alimentou a ideia de que tinha efetivamente “autorizado” – questões de semântica… – José Eduardo e que o complô para destituí-lo era verdadeiro. As únicas declarações de BdC sobre o assunto, aliás, foram para elogiar as intervenções de José Eduardo e Eduardo Barroso. Elucidativo?

O bom-senso surgiu finalmente no sábado, num comunicado onde Bruno de Carvalho apelou à união, garantiu a continuidade de Marco Silva e “desautorizou” José Eduardo, deixando-o por conta própria, ao sublinhar que “apenas estão mandatados para exprimir as suas opiniões os membros dos órgão sociais do clube”. Sobressaem, assim, algumas notas: Bruno de Carvalho apercebeu-se do exagero das suas intervenções… e intenções; Marco Silva mostrou enorme carácter, ora visando a união, ora respondendo de forma assertiva e com classe quando o momento se impunha, tendo sido claramente o elemento que melhor geriu o aspeto comunicacional na crise; José Eduardo acabou por cair sozinho, não só por ter sido isolado por BdC mas também pela incapacidade em explicar como é possível dizer que um treinador tem uma agenda que visa destituir o presidente do clube e depois afirmar que lutou por um entendimento e que defende até a sua continuidade…
Por João Socorro Viegas




sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Feliz Natal!!

A equipa Communication Advisory deseja a todos os seus seguidores os votos de um Feliz Natal!


segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Muito mais do que um político

«Mário Soares não parece ser só o pai da democracia em Portugal. Parece ser o rei dos portugueses» FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, Presidente do Brasil entre 1995 e 2003

http://mediaserver2.rr.pt/newrr/mario_soares_na_festa_dos_90_anos958534bc_664x373.jpg
Mário Soares - 90º Aniversário
Diz-se do Barcelona que é «muito mais que um clube», tal a importância que a marca «Barça» adquiriu como forma de afirmação da Catalunha.

Ora, Mário Soares será o «Barcelona» da política portuguesa: é muito, muito mais que um político.

O agora nonagenário é, verdadeiramente, o pai da democracia representativa, ocidental e parlamentar em Portugal. Soares é, de longe, a maior figura do Portugal pós-25 de Abril, por ter tido a visão e a capacidade política para travar a ameaça (que chegou a ser iminente) de cairmos na esfera soviética, em plena Guerra Fria, nos anos da brasa de 74/75.  

São factos. Devemos-lhe isso. 

Já numa ordem mais subjetiva, considero que foi também o melhor Presidente da República da democracia portuguesa, precisamente por ter sabido vestir a pele do «Presidente de todos os portugueses», inaugurando um estilo que Jorge Sampaio soube (à sua maneira, muito diferente no ponto de vista pessoal, mas na mesma linha política) de uma «Presidência Aberta», para lá dos corredores do Palácio de Belém, junto das pessoas, a ouvir as queixas, a sentir o pulso da vida nacional.

A noção de que «uma maioria presidencial se esgota na noite da eleição», criada por Soares e prolongada por Sampaio -- e que na minha opinião Cavaco Silva não tem sabido interpretar. 

Essa maioria tem que terminar nessa noite, porque o Presidente tem a obrigação de integrar os 40 e tal por cento que não votaram nele. Mas que passaram a tê-lo como «mais alto magistrado da nação».

Só com essa noção se torna possível que o PR seja «de todos», mesmo de quem votou contra ele.

Mas Mário Soares está longe de ser consensual. 

Nunca o foi, mesmo nos tempos em que (início da década de 90), obteve mais de 70% dos votos numa eleição presidencial, fruto do apoio simultâneo de PS e PSD.

Há franjas da população portuguesa (e nem são assim tão minoritárias) que não lhe perdoam determinadas decisões políticas em momentos muito concretos da vida portuguesa: a descolonização, a primeira chegada do FMI, as crises sociais e financeiras dos anos 80, em fases em que Soares em primeiro-ministro. 

Nos anos mais recentes, a direita política tem-no tratado entre a indignação e a condescendência, atribuindo à «idade avançada» algumas das declarações mais encarniçadas do ex-PR contra o «atual governo» e «os malandos da direita». Ou, ainda mais recentemente, no caso Sócrates, contra «essa malandragem que quis montar isto». 

Estou à vontade para defender Soares, neste texto. 

No dia em que o agora nonagenário presidente foi visitar o amigo Sócrates ao cárcere de Évora, escrevi críticas muito contundentes à atitude, às palavras e às acusações gravíssimas que Soares fez contra «o sistema de justiça», «os juízes», «a forma como Sócrates foi preso sem ter sido ouvido por nenhum tribunal (sic)» e até o «recado» que, à entrada do carro, quis dar «àquele juiz» (Carlos Alexandre), numa deriva lamentável de alguém que se sentiu, por momentos, com poder para «mandar um recado» a um juiz de um tribunal de instrução criminal, através dos media.  

Ora, o facto de ter achado que aquelas declarações não respeitam a história e a herança política de Mário Soares mostra como, na minha opinião, a idade não deve ser um fator de desculpabilização ou minimização. 

Soares continua em plena atividade intelectual. Continua a ser um «player» do jogo político em Portugal. E isso é notável. 

«Não gosto nada de ter 90 anos», desabafava Soares nos últimos dias. «Penso sempre mais no futuro do que no passado».

Sempre foi assim: depois de sair de Belém, foi cabeça de lista do PS às europeias. Quase todos diziam que era só um nome para dar votos e que ficaria por Bruxelas só por umas semanas. Nada disso: foi um ativo eurodeputado e cumpriu os cinco anos. 

Discordei da candidatura presidencial de 2005/2006, mas achei, uma vez mais, notável, que alguém com na altura 81 anos tivesse estado em condições políticas e pessoais de ser o candidato oficial do PS. 

O péssimo resultado, quase humilhante (14%, muito atrás de Manuel Alegre, que correu sozinho e zangado com o amigo; a reconciliação viria anos depois) tinha tudo para deixar Soares deprimido e concluindo que o seu tempo acabado.

Qual quê: semanas depois, era vê-lo de novo a escrever, a dar conferências, a incomodar quem estava nos diferentes poderes.

A isso se chama carisma. Força. Determinação. Vontade de olhar para a frente e não para trás.

É isso que tem faltado à política portuguesa e também por isso Soares é «muito mais que um político».  

«Quisemos sempre todos a mesma coisa: liberdade, democracia e respeito pelos outros» MÁRIO SOARES, discurso no almoço do seu 90.º aniversário 

Soares é «muito mais do que um político», não apenas pelo que representou enquanto PR, PM e fundador e líder do PS.

É-o, acima de tudo, pelas características pessoais que tem e pela forma como sempre encarou a vida.

Alguém, como ele, que abandonou o Palácio de Belém aos 72 anos, depois de dez anos de presidência exemplar, com níveis de popularidade que provavelmente nunca mais alguém terá na política portuguesa, teria tudo para se acomodar ao circuito de conferências e homenagens, sem voltar a aventurar-se em eleições e aos espinhos do jogo político.

Só que Mário Soares é o «animal político» na sua mais pura essência. Quis sempre ir a jogo, nunca teve medo de dar a cara, de deitar o corpo às balas. 

«Sou o gajo que lhes atira mais às trombas, por isso é que eles não gostam de mim», comentava Soares, na longa entrevista concedida, na semana passada, a Clara Ferreira Alves, na revista do Expresso. 

«Soares é um homem afectivo, sedutor, cheio de charme e humor, às vezes colérico. E um magnífico contador de histórias, memorialista, escritor político, leitor voraz de jornais, revistas e livros – admirador de Camilo, de Eça, de Teixeira Gomes, de Raul Brandão, de José Rodrigues Miguéis, mas também de Antero, de Cesário, de Pessoa. Faz política como quem respira. Por isso, nunca desiste de lutar por aquilo em que acredita.» ANTÓNIO COSTA, secretário-geral do PS

«Socialista, republicano e laico», Mário Soares conseguiu sempre despertar simpatias junto de alguns setores de correntes políticas adversárias.

Só assim se explica a amizade com Adriano Moreira. Com Freitas do Amaral, seu antigo adversário em corrida presidencial. Figuras de um certo PSD, como Leonor Beleza, António Capucho ou Pacheco Pereira já o apontaram como sendo «da mesma família política». 

«Homem dos americanos» e «anti-comunista» no tempo pós 25 de Abril, esteve na linha da frente da contestação à guerra do Iraque de 2003, censurando Bush, Barroso, Aznar e Blair. 

Esteve, por isso, no lado certo da História, na maior parte das vezes. Talvez nas decisivas. E a isso se chama ter «faro político», algo que, indiscutivelmente, Mário Soares sempre teve. 

Nos últimos anos foram muito mais as vezes que discordei de Soares do que aquelas em que em concordei.

Mesmo preferindo Costa a Seguro, considero que Soares, como fundador do PS, foi tremendamente injusto na forma como tratou António José Seguro, esquecendo-se, por exemplo, que também ele teve que ser líder-do-PS-na-oposição, nos finais de 70 e inícios de 80. 

Discordei da forma por vezes simplista como Soares tem posto tudo no mesmo saco, em relação a este Governo e discordo sobretudo da urgência com que exige a queda deste executivo, ignorando uma vez mais a legitimidade do voto popular e das maiorias parlamentares (conceitos pelos quais tanto lutou).

Mas insisto: a admiração por Mário Soares não diminuiu um milímetro nos últimos anos.

Há décadas que Soares tem visto amigos ou conhecidos adoecer, morrer. Há anos que tem visto aumentar quem, em Portugal, o trata como «um velho irresponsável e impossível de aturar».

Nem assim desiste. Nem assim se abala. O sorriso aberto que tinha no almoço dos seus 90 anos disse-nos tudo sobre o seu estado de espírito e a tal vontade de olhar para o futuro.

«É um homem que contagia. Soares e Liberdade são dois conceitos que se confundem. Mesmo quando não concordo com o que ele diz, é um bálsamo ouvi-lo», observou Pedro Santana Lopes.

«Conheço Mário Soares desde os alvoroços da minha participação na vida cívica. Os meus atritos com ele nunca beliscaram o respeito e a amizade mútuos. E, amiúde, os meus artigos no Diário Popular eram extremamente veementes. Tinha, e ainda tenho, uma esperança imaculada na mudança do mundo. Esta crença pertence aos domínios da fé, bem sei, e Soares alimentava outras direcções. Irritei-me, por vezes, com as suas opções, com as suas extravagantes decisões, com as absurdas amizades que cultivava, como aquela, com Carlucci, o todo-poderoso senhor da CIA. Ele não alterava o comportamento e as coisas ficavam como eram» BAPTISTA BASTOS, jornalista, cronista e escritor, excerto de «Os 90 anos de Mário Soares», Jornal de Negócios

Podemos achar exagerada ou, simplesmente, merecida a importância que os media e os políticos portugueses continuam a dar a Mário Soares (no passado domingo, o «Público» reservou-lhe quase toda a primeira página, com a manchete «Parabéns, sr. Presidente!», sendo que nunca fez algo sequer parecido ao atual inquilino do Palácio de Belém...)

Mas dificilmente voltaremos a conhecer em nossas vidas uma figura com a dimensão histórica e o carisma pessoal e político de Mário Soares.

Nele, até os defeitos e exageros parecem ficar bem.




Germano Almeida

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

O Segredo por Detrás das Declarações de Visão e Missão (Infográfico)

Escrever as declarações de visão e missão não é tarefa fácil e, na maioria das vezes, confundem-se os dois conceitos.
Independentemente de serem escritas para uma organização, uma pessoa, um projeto ou um produto, as declarações devem refletir o que a entidade aspira ser (visão), bem como a forma como planeia lá chegar (missão).
Para facilitar este processo, Ana Santiago e Rui Carvalho criaram um infográfico sobre o tema, que abaixo se apresenta. Espera-se que o mesmo ajude a escrever declarações de visão e missão eficazes.


Infográfico em português, disponível aqui
Infográfico em inglês, disponível aqui


Por Ana Santiago


Fonte:
(http://ana-santiago.com/conteudos/infograficos/)
(http://www.rctalkit.com/ebiz/marketing-strategy/the-secret-behind-vision-and-mission-statements)


quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Só metade do Brasil vai ganhar

O Brasil é o tal país que, na definição genial de Millor Fernandes, «tem um longo passado pela frente». Ou, como sintetizou também com especial precisão o escritor Stefan Zweig, «é um país de futuro… e sempre será».

Deus pode até nem ser brasileiro, mas mesmo quando o Brasil parece caminhar para o abismo, percebemos que, simplesmente, não cabe lá, de tão grande que é.

Terra fantástica com situações miseráveis, paraíso de contrastes, já prometeu ser a grande história de sucesso dos «emergentes», mas os últimos anos podem tê-la condenado ao fantasma do fracasso.

Fica difícil avaliar, neste momento, se prevalece a carga positiva ou negativa de um país com um potencial humano e natural gigantesco, mas com contradições que resistem a ciclos económicos.

Crescimento espetacular, travagem assustadora

O modelo de crescimento do Brasil produziu resultados espetaculares nas últimas duas décadas.

No início dos anos 90, o Brasil era essencialmente um país pobre, subdesenvolvido, estigmatizado pela inflação e pela desvalorização da moeda. Muito marcado pelas diferenças sociais e pela violência.

Nessa altura, quando pensávamos no Brasil, tínhamos sentimentos negativos: aquilo não ia correr bem.

Durante a presidência de Fernando Henrique Cardoso, tudo mudou: a introdução do real foi o golpe de asa financeiro que lançou as bases para o crescimento económico que se iniciaria pouco depois.

Com Fernando Henrique, o Brasil teve dois momentos cruciais: salvou-se economicamente e começou o caminho da distribuição social.

Seria Lula, seu sucessor na presidência, a acelerar, de modo impressionante, o lado social: muitos milhões de brasileiros saíram da pobreza e passaram a fazer parte de uma nova classe média. E isso é um crédito político tremendo do antecessor de Dilma.

Os programas «Bolsa Família» e «Fome Zero» passaram a ser bandeiras de políticas sociais, citados como exemplos a seguir um pouco por todo o Mundo.

De tal modo que, nesta dura e divisiva campanha presidencial, os únicos consensos foram mesmo os legados sociais de Lula (só possíveis por aquilo que a presidência de Fernando Henrique encetou): Dilma, Aécio e Marina juraram preservá-los.

Ainda hoje, Lula é uma espécie de ás de trunfo da política brasileira.

Saiu do Palácio do Planalto com índices de aprovação entre 70 a 80%, um luxo de que mais ninguém (mais ninguém mesmo) se pode gabar no mundo contemporâneo. Governar em democracia, na era do escrutínio em tempo real, é cada vez mais difícil e a popularidade de Lula, nesse aspeto, é um fenómeno simplesmente notável.

Acontece que a história de crescimento económico espetacular, com consequências positivas na distribuição social, durou duas décadas. Isso mesmo, «durou», porque já é passado.

Teve o «combustível» de taxas de crescimento anuais de 6 a 8%, à boleia de um ciclo de preços altos das matérias-primas nos mercados internacionais. Estudo do PNUD, divulgado no verão de 2013, confirmou esse crescimento impressionante: em 1991, o Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil tinha a nota «muito baixo». Duas décadas depois, merece um «Alto»: um crescimento de 47,5% da qualidade de vida dos brasileiros nos últimos 20 anos.

Só que falta encontrar o equilíbrio social. As manifestações do verão de 2013 puseram a nu esse problema: o crescimento económico, mesmo com os programas sociais, não resolveu as diferenças sociais.

A corrupção (que, no Brasil, é clara em todos os níveis de poder, desde o local ao federal, com forte relevância no plano estadual) agrava essa sensação de desperdício e de injustiça social.

Novo paradigma, ganhe quem ganhar

Os 12 anos de poder do PT (oito de Lula, quatro de Dilma) basearam-se num contrato: o enriquecimento do Brasil pela via da exportação teria retorno na preservação dos programas sociais.

Apesar do desgaste de vários casos de corrupção a atingirem figuras muito próximas de Lula e Dilma, a verdade é que esse contrato foi-se aguentando. E isso nota-se nesta eleição: os 41% de Dilma no primeiro turno, sendo abaixo do que se esperava, basearam-se, em grande parte, na massa de eleitores dependentes desse grande «contrato social» alimentado pelo PT.

Sucede que esse contrato está a acabar: mesmo que Dilma seja reeleita.

O Brasil está com crescimento anémico. Os 8% já lá vão e foram reduzido a um décimo disso. Ora, se um crescimento de 0.8%, hoje em dia, é quase festejado numa Europa habituada à estagnação, no Brasil é socialmente insustentável.

Não chega para alimentar os programas sociais, não dá para manter a rota desenhada para crescer indefinidamente.

Para manter o atual modelo económico, o Brasil precisava de crescer, no mínimo a 4%. Como isso, tão cedo, não voltará a acontecer (sobretudo com os preços das matérias-primas a baixar nos mercados internacionais), temos que concluir que a era do poder do PT terminou – mesmo que Dilma vença Aécio no segundo turno.

Para Aécio será mais fácil, caso vença: o discurso de «mudança» pega melhor num momento como este. Dilma terá, certamente, mais dificuldades em moldar o seu discurso e a sua prática de governação, caso garanta um segundo mandato.

Dilma no Norte, Aécio no Sul

Há dois «Brasis» expressos nas urnas e o primeiro turno foi eloquente a prová-lo.

O Norte e o Nordeste, muito mais pobres que a média nacional e dependentes dos programas sociais, estão gratos a Lula e Dilma e permanecerão fiéis ao PT.

As pesquisas dão quase 70% a Dilma nessas regiões para a segunda volta.

O Sul, o Centro-Oeste e os grandes centros urbanos, mais ricos e menos dependentes dos subsídios, votam Aécio, esperando menos peso do Estado na economia e mais segurança urbana.

São Paulo pode ser a chave. Dilma saiu-se mal em «SP» no primeiro turno, mas há a ideia de que poderá recuperar um pouco no domingo. Em contraponto, Minas Gerais pode ser a chave para Aécio. Antigo governador do estado, precisa de ter melhor desempenho no segundo turno.

Também em termos etários se notam clivagens: os mais novos (dos 16 aos 24) e os mais velhos (acima dos 60) votam Aécio; entre os 25 e os 59, Dilma tem pequena vantagem.

Nas redes sociais, Aécio tem mais apoiantes. O eleitor de Dilma surge como menos sofisticado e mais agarrado a hábitos tradicionais.

Mas está tudo muito dividido: aconteça o que acontecer no domingo, parece mais ou menos inevitável que quase metade do Brasil não fique satisfeito com o nome do vencedor.

Não é só isso não ser bom: isso prova, essencialmente, que a era de «consenso» vivida com Fernando Henrique e sobretudo com Lula (já não com Dilma), simplesmente terminou.

O primeiro mandato de Dilma foi um fracasso. O Brasil travou em vez de se manter em velocidade de cruzeiro. Mesmo que, à última, a «Presidenta» obtenha a reeleição, a noção de perda eleitoral é notória.

A eterna história de ricos e pobres

E, depois, há a eterna história dos «ricos e pobres», que vemos nas novelas da Globo e que corresponde mesmo à realidade: o Brasil tem dois «países» encaixados naquela enorme porção terra, tão diversa e tão desigual.

Os mais ricos não querem mais PT e votam Aécio. Dilma tem apoio maciço dos eleitores mais pobres, receosos de que uma mudança no Planalto signifique a perda dos apoios sociais.

A máquina propagandística do PT, de enorme poder triturador dos adversários, tem agitado esse fantasma e isso poderá explicar a recuperação de Dilma nesta reta final (as primeiras sondagens pós primeiro turno davam vantagem a Aécio; nestes dias finais da campanha, Dilma já surge à frente).

As características dos candidatos aumentam essa dualidade: Aécio Neves, neto de Tancredo Neves (que venceu as eleições presidenciais de 1985, mas morreu antes da tomada de posse), nasceu em berço de ouro e tem família influente há várias décadas em Minas Gerais e na política nacional.

Uma análise para lá dos rótulos das campanhas mostra-nos que essa dualidade é artificial. Esta não é, sequer, uma luta entre esquerda e direita.

Em primeiro lugar, porque o PT, desde que tomou o poder, há muito que abandonou práticas «de esquerda» na governação (basta dizer que grande parte das empresas e dos «mercados» desejam a reeleição de Dilma).

Depois, porque, ao contrário do que alguns por cá dizem, Aécio Neves não é «de direita». Tal como Fernando Henrique, de resto, não o era quando foi presidente. O PSDB (Partido da Social-Democracia Brasileira) é um partido moderado, de centro-esquerda, que acredita nos apoios sociais, mas propõe menor intervenção estatal do que o PT assumiu.

Em Portugal, Aécio estaria algures entre o PS e o PSD e bem mais à esquerda do CDS/PP. Fernando Henrique, é bom lembrar, era uma das referências políticas internacionais de Mário Soares e António Guterres durante a década de 90…

A questão é que o cenário político, no Brasil, está mais fletido à esquerdo, se comparado com o nosso.

A escolha de Marina

O mais curioso é que este duelo no segundo turno marca uma espécie de «regresso» à bipolaridade PT/PSDB, que tem marcado as duas últimas décadas na política brasileira.

Fernando Henrique era do PSDB, Lula e Dilma são «pêtistas». Os 20% de Marina há quatro anos e os 22% da mesma Marina agora no primeiro turno pareciam indicar uma terceira via com força para terminar com essa bipolaridade.

Mas não. O centro político continua a ser decisivo e a escolha de Marina por Aécio (ideologicamente improvável, mas politicamente previsível) mostra que os extremos, no momento da decisão, tendem a aproximar-se da moderação.

O beija-mão (literal) do candidato do PSDB a Marina Silva, a selar o apoio para o segundo turno (que poderá ter como contrapartida a entrega do cargo de ministra dos Negócios Estrangeiros à candidata que na primeira volta arrecadou 22% eventualmente decisivos) pode ficar para a história como a imagem que decidiu a eleição presidencial.

Os quase 60% de votos-sem-ser-em-Dilma no primeiro turno pareciam dar boa base de vitória a Aécio para o segundo turno. Os apoios de Marina e da família do falecido Eduardo Campos reforçavam essa ideia.

Depois dos debates, Dilma parece ter retomado as rédeas da corrida. Chega ao dia da votação com 2 ou 3% acima de Aécio nas pesquisas. Mas quem decide mesmo são os eleitores brasileiros no domingo.

E a história mostra que, na hora da verdade, têm escolhido bem.



Germano Almeida

terça-feira, 21 de outubro de 2014

EuroPCom 2014: Imag[in]ing Europe


A quinta edição da EuroPCom, a Conferência Europeia sobre Comunicação Pública, decorreu de 15 a 16 de Outubro em Bruxelas.
A conferência reuniu gestores de comunicação e peritos de alto nível das autoridades locais, regionais, nacionais e europeias. 


Mais de 700 colegas de todos os estados membros da EU participaram neste grande evento de networking composto por palestras, debates e oficinas interativas focadas nos grandes desafios da comunicação pública Europeia.


Nesta página poderá aceder às apresentações e conclusões desta edição da EuroPCom.
Assista ao vídeo resumo:




Por Helder Gonçalves

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Sete Ideias para Apresentações de Impacto


Comunicar em público com impacto representa para muitas pessoas um enorme desafio. Há, porém, recursos que podem melhorar significativamente as suas apresentações. Eis os que consideramos mais relevantes:
1.     História
Uma história bem contada cativa mais atenção do público do que uma longa explicação. Pode recorrer-se a vivências pessoais e profissionais, fábulas, factos históricos, contos, entre outros.
2.     Pergunta
Uma pergunta bem colocada pode levar a plateia a pensar no assunto ou a participar na apresentação, tornando-a mais interativa e dinâmica.
3.     Estatística
A partilha de uma estatística baseada num estudo desenvolvido por uma entidade credível pode ser uma ótima forma de introduzir um tema ou chamar a atenção da plateia para um dado assunto.
4.     Imagem
Uma imagem surpreendente permite captar a atenção da plateia para o assunto apresentado, seja ela visual (ex.: recurso a fotografias) ou mental (ex.: levar plateia a imaginar algo).
5.     Vídeo
O vídeo tem, geralmente, muito impacto nas apresentações mas precisa de ser ajustado à temática e não ser demasiado longo para não maçar a plateia.
6.     Citação
Uma citação bem escolhida pode introduzir ou sintetizar uma apresentação de um modo brilhante. Porém, deve recorrer-se a citações de pessoas respeitadas ou de referência na área.
7.     Adereço
O uso de um adereço apropriado e/ou original pode despertar a curiosidade do público e ajudar a introduzir o tema da apresentação. Para fazer a diferença há que ser criativo.

Aceda ao infográfico deste conteúdo, aqui.


Por Ana Santiago