Em 1988 o músico e compositor
francês, de música eletrónica, Jean Michel Jarre, decidiu fazer um concerto em
tudo diferente e em tudo fora do habitual e avançado para a época, numa área das
docas de Londres, situadas numa localidade chamada Newham.
O concerto, assentava na
construção, preparação e adaptação de uma zona, em que não existia nada que
servisse a organização de um evento destes, a não ser o espaço físico existente
e edifícios que foram aproveitados para efeito cénicos.
O palco seria construído sobre
barcas, ou seja na água e como já referi foram aproveitados alguns dos edifícios
da área, para a projeção de imagens durante o concerto, como um cilo gigante.
Uma das componentes dos concertos
de Jean Michele era a sua espetacularidade baseada em muito fogo-de-artifício e
luz.
Apesar do interesse inicial das
autoridades locais e respetiva aprovação da realização do concerto e
envolvimento da comunidade local, aquilo que um dos produtores do espetáculo
referia no início deste making of, que
este evento poderia ser ou um conto de fadas ou um pesadelo, acabou por se
tornar mesmo um pesadelo e bem grande.
Já com grande parte do palco
instalado e feitos imensos preparativos logísticos e materiais no local, e com
um investimento financeiro já bastante avultado, o concelho de Newham, revogou
a licença de organização do evento, invocando o não cumprimento por parte da
organização e dos promotores do evento, de um conjunto de condições de
segurança.
Perante a estupefação e a reação
de incredulidade de Jean Michel e de todos os elementos ligados à organização e
produção do concerto, foram iniciados contactos por toda a Grã-Bretanha, na
procura de locais semelhantes para a realização do espetáculo, sem nunca
desistir da organização do evento no local inicialmente previsto.
Assim, continuaram as conversas
com o concelho municipal de Newham no sentido de tentar desbloquear a situação,
e de levar a bom termo a realização do concerto no local inicialmente previsto.
Após a reorganização das questões
de segurança, a realização do concerto acabou por ser aprovada para o local
inicialmente previsto.
Mas o pesadelo ainda não tinha terminado.
Em virtude de condições climatéricas muito difíceis a data inicial do concerto acabou por ser adiada, tendo o concerto final, ainda sob condições meteorológicas muito adversas sido realizado e dividido em duas noites, por questões de segurança.
Para a história ficam imagens
como o coro de crianças em palco com coletes salva vidas ou um grupo de assistentes
espalhados no palco com guara chuvas a proteger os diversos músicos e também da
presença da Princesa de Gales, Diana.
Para a história ficou também,
independentemente do gosto musical de cada pessoa, um enorme concerto, um
género de concerto pouco habitual para a época.
Todo este processo, foi feito sem
recurso a algo que hoje por exemplo seria impensável, como telemóveis,
contactos via redes sociais, internet, e-mail, etc, o que de certa forma nos
deve levar a pensar que muitas vezes a dificuldades que nos surgem na
organização de eventos não são nada comparadas com o que acontecia há pouco
mais de 20 anos.
Para quem gosta de organizar
eventos, sejam eles maiores ou menores, este making of, permite analisar,
observar, e refletir sobre condições básicas e fundamentais e nos desafios que
se colocam na organização dos mesmos.
Miguel Macedo
Miguel Macedo
Anexo: Making Of-4 capítulos e Concerto completo
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