Um pouco por todo o mundo, os governos - nacionais e locais - estão a deparar-se com novas exigências, novas
expectativas e um rápido crescimento de tecnologias e ferramentas, que
possibilitam o aumento da participação cívica dos cidadãos na política.
As novas ferramentas digitais permitem às instituições acelerar os
processos e as tomadas de decisão, tornando-as, assim, mais eficientes, mais
próximas dos cidadãos e das suas verdadeiras necessidades.
Vivemos atualmente uma fase em que a maior parte das instituições
governamentais estão a dirigir a sua comunicação para as redes sociais. Para
muitos responsáveis políticos, as redes sociais são o Santo Graal da democracia
do século XXI, pois reaproximam os cidadãos da vida ativa e, por sua vez, da
confiança pública.
Esta “excitação” atual sobre as redes sociais e as suas plataformas
interativas representam uma alteração significativa na forma de pensar das
organizações públicas, que ainda há bem pouco tempo estavam focadas em expandir
o e-Government.
O arquétipo da estrutura do e-Government assentava num portal
web, numa espécie de “loja de serviços” para cidadãos e empresas, onde podiam
aceder a informação e serviços governamentais. Em contraste, as redes sociais e
as aplicações web 2.0 fomentam a interatividade, a co-produção de conteúdos e a
subscrição de informações específicas. As instituições, que procuravam levar os
seus cidadãos a usarem os seus portais, estão, neste momento, a verificar que
podem atrair um maior número de pessoas, se a sua informação for divulgada
através dos meios onde atualmente se encontram os cidadãos: meios tradicionais
(jornais), redes sociais e mobile.
No entanto, em vez de nos focarmos nas terminologias web2.0, devemos
pensar que as redes sociais são novos canais de comunicação, que possuem regras
e hábitos diferentes dos canais tradicionais.
As redes sociais têm tendência para ser:
Interativas em vez de autoritárias:
as redes sociais facilitam as conversações em vez de histórias. Muito do valor
acrescido aos “posts” é fornecido pelos utilizadores, que respondem e
recomendam os mesmos;
Pessoais em vez de institucionais: os utilizadores mantêm grande
discrição sobre os seus “canais” pessoais, subscrevendo somente a informação
que querem e pretendem receber, ignorando todo o resto;
Segmentadas em vez de massa:
mesmo uma larga audiência de seguidores nas redes sociais de uma grande
entidade institucional é pequena em relação aos standards da rádio ou da
televisão. Mas, por outro lado, as redes sociais facilitam uma mais voluntária,
interativa e simétrica relação entre a instituição e a sua audiência. Uma
mensagem acertada pode circular rapidamente através destas redes para o público
em geral.
Atualmente, existem dois tipos de reação face à presença nas redes:
aqueles que tornam estes serviços como parte integral da estratégia de
comunicação com o público e imprensa, e outros que continuam a demonstrar-se
cépticos em relação às redes sociais, considerando-as como pontos de distração.
No entanto, para a maior parte das instituições, as redes sociais são,
neste momento, o meio essencial de comunicação, considerando-se verdadeiramente
satisfeitos com a experiência obtida. Esta alteração na forma de comunicar
possibilitou criar uma linha direta com os seus seguidores, bem como cativar
uma audiência mais nova para os assuntos relacionados com a sua comunidade.
Sentem-se verdadeiramente satisfeitos com o número de pessoas que optam por
subscrever voluntariamente as suas notícias.
As redes sociais podem gerar muitas oportunidades devido à forma como
conseguem angariar o feedback do público (ideias, criatividade), fornecendo
conteúdos bases para os decisores políticos trabalharem, rejuvenescendo, deste
modo, a democracia.
Os cidadãos têm, assim, um papel ativo na participação direta nas
decisões dos governos, obrigando-os, em muitos dos casos, a repensarem
estratégias, políticas, de forma a irem de encontro às verdadeiras necessidades
dos cidadãos.
Os governos não podem descurar esta oportunidade. Há que comunicar numa
lógica assente na bidirecionalidade entre instituição e cidadãos. Isto envolve
alterar a cultura de comunicação ainda existente em muitos setores, transformar
a “comunicação
para si” numa “comunicação consigo”, desenvolvendo
ferramentas e plataformas que permitem uma maior colaboração, e inclusive, em
alguns casos, as tomadas de decisões juntamente com a sociedade civil e o setor
privado.
O futuro é já!
Helder Gonçalves